terça-feira, 18 de outubro de 2011
Qual é a vocação regional?
Hoje eu vou aproveitar um exemplo que envolve a Unisul TV para contar a história de um município de Minas Gerais que encontrou o seu rumo há mais de duas décadas. A cidade é Santa Rita do Sapucaí, que fica a 1.200 quilômetros de Tubarão. Ela fica no Sul do Estado e é mais próxima de São Paulo do que de Belo Horizonte. Tem 40 mil habitantes e 12 mil pessoas trabalham na indústria eletrônica. Mas há 25 anos não era assim. Todo o trabalho na cidade se resumia a produção de leite, milho e café.
Nos anos de 1970, os moradores de Santa Rita sintonizavam apenas emissoras de tevê de São Paulo. Um grupo de engenheiros montou uma repetidora a partir de Belo Horizonte para que a cidade do interior não perdesse a identidade com Minas Gerais.
Esta ação motivou a montagem de uma Escola Técnica de Eletrônica, a ETE, e depois o Instituto Nacional de eletrônica, uma faculdade de engenharia eletrônica. Passado este tempo, a cidade hoje é o principal polo de eletrônica do Brasil. Lá estão 160 empresas do ramo. Com tecnologia nacional, elas produzem enlaces de microondas para televisão, transmissores para rádio AM, FM e televisão.
A primeira empresa foi a Linear Equipamentos Eletrônicos, criada por quatro engenheiros da cidade. Eles fabricam o transmissor que a Unisul TV usa para fazer as imagens chegarem a sua casa e estão montando o novo transmissor que a Unisul TV vai instalar em Laguna.
No último dia 3 de outubro a Linear foi adquirida pela japonesa Hitachi Kokusai e passou a se chamar Hitachi Kokusai Linear. A empresa que já exportava para toda a América Latina, partes da Ásia e do oriente com fábrica nos Estados Unidos, agora vai entrar no mercado japonês por causa da nova controladora. Santa Rita do Sapucaí é cortada pelo rio que dá sobrenome à santa. Fica longe de tudo: 200 km de São Paulo e 400 km de Belo Horizonte. Não tem aeroporto e fica a 17 quilômetros da Rodovia Fernão Dias ou da Via Dutra.
Com todo este parque tecnológico, fatura a cada ano R$ 2 bilhões. Ainda mantém a produção de leite, café e milho, mas encontrou uma alternativa que não polui o ambiente e emprega toda a mão de obra da região. O desemprego lá é zero.
O município tem duas incubadoras de empresas e dois distritos industriais com empresas em fase de sedimentação. Duas empresas catarinenses de tecnologia foram atraídas para aqueles polos. Um garoto de 16 anos, em uma empresa incubada já construiu um robô e fez um protótipo de uma mão mecânica com inovações que não têm similar no mundo.
E aí eu volto a perguntar? Qual a nossa vocação? Vamos ter aeroporto, rodovia duplicada e porto do nosso lado, mas sem vocação definida, será que vai adiantar?
Um comentário:
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Rafael, mais que pertinente o seu comentário. Eu ouço falar em um tal de distrito industrial na cidade, vejo algumas figuras da política se vangloriando do terreno (que já mudou de lugar várias vezes), e não vejo UMA empresa sequer se assentando na cidade.
ResponderExcluirNão é só jogar um terreno no fim do mundo para chamar empresas de fora. É necessário investimento, infraestrutura, muito networking, redução de impostos e oferta de mão de obra.