Que os caminhoneiros podem parar o país
A greve dos caminhoneiros da última semana forjou um novo capítulo da história de manifestações populares no Brasil. Os motoristas paralisaram o país, desabasteceram alguns setores e botaram a classe política para correr. Confesso que para mim foi uma surpresa ver a falta de combustível, por exemplo, com apenas três dias de paralisações. Faltar frutas e verduras (produtos perecíveis) era compreensível, mas outros produtos?Revela uma face da crise por meio dos baixos estoques e também a falta de coletividade. Teve gente encarando duas horas de fila em posto de combustível para completar o tanque com cinco, seis litros. Será que não dava para deixar para quem realmente precisava?
Que o povo não sabe bem o que quer, mas quer mudança
Mas voltando às manifestações, também houve quem se lembrou daquelas grandes passeatas de 2013. O povo foi às ruas protestar contra tudo, sem reivindicações específicas e sem a participação de partidos políticos.O que se espera dessa vez, é que estas greves e manifestações tenham algum efeito prático nas eleições. Em 2014 praticamente não se viu renovação nenhuma entre os eleitos. Quem sabe agora em outubro, com a memória mais fresca, o eleitor vote diferente.
Que democracia é melhor que ditadura
Ao passar pelos pontos de concentração dos motoristas ao longa da BR-101 e cidades do Sul de Santa Catarina me deparei com as faixas pedindo “Intervenção Militar Já”. Será que as pessoas que defendem isso não entendem o quão grave é este pedido? Será que elas não entendem que depois, se estiverem insatisfeitas com a ditadura solicitada, não terão o direito de expor uma nova faixa com o texto “Chega de intervenção militar”.Então, ao ver todo este rebuliço causado pelos caminhoneiros, acredito que um dos aprendizados é que a democracia pode ter um governo ruim, mas a liberdade de dizer que ele é ruim não tem preço.