Do alto de sua experiência, o deputado Edson Bez, o Edinho (foto de Saulo Cruz), avalia nesta entrevista feita por e-mail a movimentação na Câmara dos Deputados, a necessidade de reformas, situação política nacional, estadual e local e ainda as chances do pré-candidato do partido a deputado estadual Alexandre Moraes
BLOG DO RAFAEL MATOS - O congresso discutiu muito o Projeto Ficha Limpa. O senhor acha que ele é necessário, ou o eleitor poderia fazer essa triagem?
EDINHO BEZ - Os dois são importantes. O Projeto Ficha Limpa nasceu da vontade popular liderada pela CNBB, mas independente de cor partidária, independente de religião ele prosseguiu. Eu participei em várias reuniões da CNBB aqui em Brasília discutindo a forma e a maneira de tramitar no Congresso Nacional. Fiz inúmeros pronunciamentos e participei de reuniões defendendo a aprovação desse Projeto Ficha Limpa. Estava na hora de dar uma certa tranquilidade para o eleitor, já que a maioria não acompanha direito os seus candidatos e muitos candidatos prometem com facilidade durante a campanha e depois não cumprem. Mas por falha do eleitor que não acompanha, acaba tendo a manutenção dos candidatos que não correspondem com aquilo que divulga, que propaga, aquilo que promete e assume compromisso durante a campanha eleitoral. Então os dois são importantes, a Ficha Limpa é importante e o eleitor também não tem condições de saber tudo do candidato porque muitas vezes ele vota enganado, por isso ele até tem o direito de se enganar. O que não é possível é nós continuarmos com eleição sem que haja uma atenção maior por parte do eleitor na hora de votar. Ainda temos eleitores, embora minoria, mas que ainda vota porque ganha alguma coisa. Isso é ruim para a democracia, é ruim para a comunidade, é ruim para o estado, é ruim para o Brasil. Eu espero que com a Ficha Limpa, dê essa oportunidade para o eleitor ficar mais tranquilo com as candidaturas dos que se apresentarão. Tanto é importante que o eleitor fique atento porque a justiça não costuma acertar 100%. Então é importante que o eleitor continue avaliando e prestando atenção na hora de votar.
BRM – Por que é importante ocorrer a reforma política?
EB - Eu não tenho a menor dúvida de que precisamos fazer uma reforma política urgente. Eu briguei em 2008, 2009, com um grupo de parlamentares aqui em Brasília para fazermos a reforma política. Setenta por centro dos que vão se eleger nas eleições hoje, ou é corrupto ou tem dinheiro. Eu venho dizendo isso há muito tempo, está aqui na tribuna, em entrevistas, e com a reforma política vai dar uma inibida, passa a ser mais valorizado o partido. No entanto, hoje, o eleitor, inteligentemente, vem votando no candidato, porque os partidos estão fragilizados. As coligações que nós temos hoje acabaram com as ideologias políticas, partidárias, acabaram de uma vez por todas com o controle do eleitor no candidato. Porque se ele votar errado o partido não corrigirá, tamanha a sua fragilidade. Então nós precisamos fazer a reforma política urgentemente. São várias reformas, mas essa será a reforma da reforma.
BRM - Outras reformas também são discutidas pela sociedade: fiscal, da previdência, educacional, etc. Elas estão longe de ocorrer?
EB - Todas são importantes. O momento é propício para nós cobrarmos dos candidatos à presidência da república. Nós temos eleições este ano para escolha de deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da república. É o momento certo para nos organizarmos. Eu já estou fazendo isso. Tenho dito que o candidato a presidente que eu vier a apoiar terá que assumir compromisso com as reformas. Nós precisamos mudar este país. Não é possível nós continuarmos como está. Como eu falei, a reforma política é importante porque os partidos estão fragilizados, agora segurança pública é outra urgência. O sistema está falido no Brasil. Nós precisamos fazer a reforma da segurança pública porque hoje as pessoas, e eu falo daqueles que cometem irregularidades, os bandidos, não respeitam mais a lei. Mata-se pessoas na rua, assalta-se lojas e bancos. Antigamente os assaltos eram planejados, era um trabalho de profissionais, hoje qualquer um que está sem dinheiro entra numa loja assalta e sai caminhando. Isso é um absurdo e prova que estamos fragilizados. Precisamos também fazer uma reforma tributária e fiscal. Não é possível nós continuarmos com um sistema tributário arcaico e ultrapassado, desmotivador. Por isso existe muita sonegação. Tem muitas pessoas boas, empresas boas que sonegam, não porque queiram sonegar, mas porque não tem como pagar. Ou fecha a empresa ou sonega. Nós não podemos aceitar isso. Então nós temos aqui uma proposta praticamente pronta. E a partir de 2011 também haveremos de retomar. Vale lembrar que as reformas sempre partem do executivo porque tudo que exige que vai haver despesa, ou diminuir receita a proposta deverá partir do executivo. Uma vez que na qualidade de legislador não posso apresentar uma proposta que venha caracterizar alteração na receita ou na arrecadação do governo, mas toda essas reformas serão importantes e nós haveremos de pressionar o futuro presidente para que elas ocorram.
BRM - O PMDB conseguirá ter uma unidade nacional em torno de uma candidatura a presidente?
EB - Infelizmente não. Eu defendo a candidatura própria, vou até o fim porque sou coerente com aquilo que prego. É o maior partido do país. Nós temos mais vereadores, prefeitos, governadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores. Sem sombra de dúvida, é o maior partido e nada justifica não lançarmos candidatura própria. Infelizmente, alguns oportunistas entendem que devem fazer um acordo, como já foi feito na época de Fernando Henrique Cardoso. Infelizmente, o Norte e o Nordeste são maioria aqui no Congresso Nacional, e eles trabalham unidos. Por isso dificulta a nossa candidatura própria, mas vou até o fim defendendo a candidatura própria. Até porque se não houver a candidatura própria, e entendo que está distante, também não haverá unidade em termos daquele que for escolhido para disputar como vice-presidente da república ou para outros cargos em nível federal.
BRM - E em Santa Catarina, qual o cenário considera mais provável? Acredita na repetição da tríplice aliança?
EB - Eu espero que sim, mas eu não posso afirmar aqui que vai haver a tríplice aliança. Nós lutamos para que isso acontecesse, mas não escondo e não nego que estamos distanciados, ficou mais difícil. Mas não impossível. Houve uma nova conversação com os Democratas, com o PSDB, e com outros partidos menores com o PPS, como o PDT. Então nós estamos retomando esta discussão. Não é uma tarefa fácil, mas eu ainda acredito que é possível nós retomarmos e acertarmos para a tríplice aliança. Não custa nada acreditar e eu sempre acreditei nas coisas.
BRM - Diversas polêmicas cercam o PMDB de Tubarão. Geralmente ele está dividido. Por que que isso ocorre?
EB - Primeiro não é de hoje que o partido não consegue unanimidade. Agora, é um partido democrático. Quem quiser participar, quem quiser sugerir, quem quiser disputar, se apresenta e será respeitado. É bom que as pessoas saibam disso. Agora, democracia a gente deve respeitar o resultado da maioria. Eu venho pregando unidade no partido há muito tempo. Logo que passou a última eleição para prefeito eu solicitei uma reunião ao diretório do PMDB de Tubarão e apresentei uma proposta para que a gente pudesse ter uma diretriz de trabalho, de comportamento, de respeito e atuação. Não dando mais espaço para moleque, para pessoas que tumultuam o partido e que não agem com respeito e maturidade. Então eu entendo que é possível nós melhorarmos, mas gradativamente. Virou um problema cultural, mas que já melhorou e muito, haja visto que a própria escolha agora para um candidato a deputado estadual representando Tubarão e posteriormente com a Amurel foi submetida uma prévia dentro do partido e quem ganhou foi o pré-candidato Alexandre Moraes e o vereador Evandro Almeida que participou imediatamente abraçou o Alexandre e se colocou à disposição para ajudá-lo na campanha eleitoral. Isso é uma demonstração de que o partido está maduro. Eu não gostaria de tratar de divisão. Eu falo que nós melhoramos muito e ainda não alcançamos 100% do nosso objetivo.
BRM - Como avalia as chances do pré-candidato a deputado estadual Alexandre Moraes, que, como ocorreu com o senhor, disputará uma primeira eleição também para deputado estadual?
EB - O Alexandre é um bom moço. Um advogado. Já conversamos várias vezes. Esteve inúmeras vezes na minha residência. Conversamos no diretório, conversamos nas ruas e é uma boa pessoa e, não vamos esconder, a dificuldade no início é o fato de não ser uma pessoa ainda conhecida politicamente. Mas ele leva vantagem porque é uma boa pessoa, com caráter. Estamos conhecendo agora politicamente, mas estaremos junto com ele nessa caminhada. Em eleição não existe nada impossível. Eu acredito que dependendo do andar da carruagem ele terá plena chance de se eleger deputado estadual junto comigo na região, fazendo com que os partidários da região também demonstrem interesse por essa candidatura. Como ele é novo, o nome já diz, não podemos aqui avaliar uma perspectiva de vitória ou derrota, mas eu acredito que existem grandes possibilidades, desde que haja um engajamento regional com a candidatura dele. Embora nós enfrentamos um outro obstáculo que é o fato de a candidatura dele ter saído atrasada. Vários outros candidatos ocuparam alguns espaços na região da Amurel. Mas como eu também na época saí candidato dia 10 de maio e também era novo, porque o Alexandre não pode também trabalhar e acreditar?
sábado, 22 de maio de 2010
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