Para o Ultimato, Nunes conta que a inspiração veio da Guerra do Afeganistão.
– Na época alguns soldados enviavam vídeos em câmeras digitais para familiares e amigos. Ao mesmo tempo grupos terroristas difundiam vídeos torturando prisioneiros.
Recebi um em que eles, todos encapuzados, degolavam um prisioneiro. Vídeo bem bizzaro. No caso, eu adaptei a ‘situação’ da tortura e o registro em vídeo – relembra.
Fã de Millor Fernandes, o cartunista Nunes gosta quando tem que interromper a leitura pra conter o riso. Também lê Angeli, desde a época da revista Chiclete com Banana, e acredita que foi uma grande influencia. Laerte e o xará Maurício de Souza também foram outros desenhistas que o atraíram. Entre os novatos, André Dahmer chama a atenção.
Nunes também é música e integra a banda Cavaleiros Marginais.
Abaixo você acompanha o primeiro quadrinho da série Ultimato.

Bom, conhecendo o cotidiano do cartunista, tirinista ou quadrinista Maurício (somos irmãos) muitos pensam que seria fácil fazer um comentário sobre a primeira série dele publicada. "Leve engano", digo.
ResponderExcluirLembro quando ele começou com a série (ainda não publicada) Aspirina & Cevada. O nome original era "Gardenal & Cevada", mas temendo processos e represálias dos grandes laboratórios farmacêuticos, uma vez que o nome "Gardenal" é patentiado (ou não, até hoje não sabemos) ele optou pelo nome que citei antes.
Desses dois amigos (o aspirina e o cevada) ele partiu para muitos outros cartuns. Surgiu no meio desse auê criacional uma série que chamou a atenção.
Não, não se trata de violência e nem de apologia. Não há nada de mais em alguém filmar a tortura de um prisioneiro sob pressão pscicológica intensa. Não no paralelo universo dos cartunistas...
Sempre digo que para você ser um cartunista de destaque, você tem que estar desapegado às coisas.
Não só às materiais, afinal, não se trata de budismo.
Você tem que se desapegar às coisas ideológicas, filosóficas, religiosas, sociológicas, antropológicas, tecnológicas.
Você tem que se desapegar às coisas.
"Um cartunista não tem alma", arriscaria dizer. Só quando, claro, ele não é adepto do Santo Daime.
Coisa que o Maurício não é, eu acho...
Enfim, o trabalho que vocês poderão acompanhar a partir de hoje é baseado na Guerra do Afeganistão. Um pobre (ou não) membro da sociedade judaico-cristã ocidental é pressionado por uma arma insana. Não, não estou falando do revólver. Falo da câmera. Existe coisa mais insana?
Assim, aproveitem a série e acompanhem o trabalho desse cartunista que, "entre outras coisas mais", não é tão diferente dos demais. Afinal, o Maurício não diz o que pensa. Ele diz o que o seus cartuns falam.
Como diz o Gil:
"aquele abraço",
João Manoel.