Não é sempre que se pode ver e ouvir de perto um dirigente do setor privado tão graduado como o CEO e Presidente do HSBC Bank Brasil, Conrado Engel, que passou por Tubarão nesta quinta-feira. A inusitada participação na inauguração de um Posto de Atendimento Bancário (PAB) só mostrou o prestígio da Unisul que fechou parceria com o banco. Pois é certo que um CEO de banco raramente participa de inaugurações de agências, o que dizer de um PAB. O prestígio foi ainda mais reforçado pela palestra proferida por Engel. Mas ouvir as considerações dele sobre a economia nacional e mundial foi um privilégio reconhecido por poucos.
As projeções do HSBC para as próximas décadas colocam o Brasil entre as sete maiores economias do mundo. Chegar lá não será tarefa fácil. Diversos fatores terão influência sobre esta possibilidade e a educação é um dos principais. Em 2030 o Brasil deverá ter 126 milhões de habitantes na faixa etária de 20 a 60 anos, contra os atuais 108 milhões. Para Engel, o fenômeno conhecido como Bônus Demográfico, só ocorre uma vez na história de um país, mas só com educação da população é que poderemos aproveitá-lo da melhor maneira.
As observações de Engel, baseadas no estudo do HSBC apontam para a necessidade de crescimento da poupança, principalmente a pública, para dar condições de investimento de até 23% do Produto Interno Bruto (PIB). O alerta é de que sem investimento a economia não terá condições de crescer a taxas de 4, 5 6% ou mais ao ano.
Engel defende que o Brasil precisa pular de 17% para 23% do PIB os investimentos, a fim de criar infraestrutura a uma nova realidade que se constrói e que tende a constituir a demanda de 126 milhões de consumidores. E vê necessidade de o país aumentar a sua poupança. Hoje, o brasileiro compromete 28% da renda com financiamento e a tendência é aumentar esse comprometimento se os juros baixarem.
Diante da crise que atinge países europeus, Engel, mostrou-se otimista quanto à situação brasileira. Para ele, o comprometimento médio de 27% da renda familiar com dívidas está próximo do limite, mas não significa que tenhamos problemas como a bolha imobiliária que foi um dos motivos da crise nos Estados Unidos, por exemplo. Para o CEO ter um sistema financeiro sólido é a base para o crescimento de um país e isso o Brasil tem.
O presidente do HSBC observou que o Brasil está bem posicionado em relação ao mercado externo, tendo a China como seu maior parceiro, mas adverte que 60% das exportações são commodities, quando, a exemplo dos países europeus, deveria haver um equilíbrio, com pelo menos 50% de produtos industrializados.
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