Foto de Eduardo Oliveira |
BLOG DO RAFAEL MATOS - O senhor foi secretário estadual de Segurança Pública e Defesa do Cidadão durante boa parte do mandato? Como avalia esta experiência?
RONALDO BENEDET - Foi uma grande experiência, e pude exercer o meu mandato para a sociedade representando, buscando reivindicações. Eu estava presente em SC e na região, valeu estar como secretário e exercer também o poder reivindicatório do deputado para a região. Mas a experiência como secretário de segurança pode trazer vantagens para a Segurança Pública na região e pude me dar um grande valor agregado de conhecimento e experiência. Com certeza, hoje, sou um dos políticos que mais tem experiência nessa área, dito pelas autoridades na área da Segurança Pública. Aprendi muito com a fórmula de resolver os problemas de Segurança Pública do nosso País, que não podemos ficar só no caminho entre polícia e cadeia como, de um modo geral, se pensa ou se pensava que seriam resolvidos os problemas de segurança no Brasil. Saio com essa conclusão da Secretaria de Segurança: de que precisamos investir fortemente em capital humano, em crianças, adolescentes, jovens e, principalmente, nas famílias de risco social, para construir uma sociedade com a cultura de paz. Quanto mais cadeia, mais vamos aumentar nossos problemas. Se nós tivermos policiais bem preparados, bem pagos, polícia bem estruturada, com uma sociedade bem estruturada, daí vamos evitar os problemas de segurança que estamos vivendo hoje. A experiência como secretário de segurança foi fundamental como político e serviu para que eu contribuísse ainda mais com a sociedade brasileira e catarinense em relação a esta questão de Políticas Públicas para a área de Segurança.
BRM - Por que a decisão de disputar um cargo na Câmara Federal e não tentar a reeleição para à Alesc?
RB - Os meus colegas e o meu partido me disseram que tava na hora de ir para um caminho mais adiante. Hoje, sou o deputado estadual mais bem votado do Estado com mandato. E o PMDB me convidou para enfrentar esta missão, pois já está na hora de um desafio diferente e maior, para podermos levar ao Congresso Nacional nossa experiência de Governo do Estado, principalmente, na área de Segurança Pública, que por quase seis anos adquiri.
BRM - O trabalho como secretário ajuda ou prejudica na hora de uma nova campanha eleitoral?
RB - Tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim. Primeiro, você se torna mais conhecido, as pessoas conhecem suas idéias e atuações, não pode ter medo de perder voto. O político que quer agradar a todos não tem sucesso, você precisa é ter coragem de tomar atitudes, eu tive coragem e assumi. Mas também têm as vantagens de você se tornar conhecido, estadualizar seu nome e poder exercer uma atividade muito difícil com coragem, competência e conhecimento.
BRM - Os problemas com segurança não são exclusivos de SC. Qual ação nacional o senhor considera necessária para combater e prevenir a criminalidade?
RB - Essa pergunta é muito inteligente, e dá a oportunidade de nós fazermos o debate nacional que precisamos. O Código Penal e o Código do Processo Penal são de 1940 e 1941, ou seja, estão querendo resolver o problema da segurança com instrumentos legais de décadas atrás. O Brasil de hoje não tem mais nada a ver com o Brasil de 1940 e 1941. Mesmo com mudanças, as essências e princípios são os mesmos e nós estamos querendo resolver os novos problemas com fórmulas antigas. Ou nós vamos resolver o problema do Brasil de uma forma: atacando a essência dos problemas, que é a origem da criminalidade, ou nós não vamos resolvê-lo nunca. Estamos vivendo como neuróticos no Brasil, fazendo a mesma coisa e querendo os resultados diferentes. Esta é a convicção que saio da Secretaria de Segurança, ou seja, só com polícia e cadeia não dá certo. Se quisermos resolver os problemas da Segurança Pública, precisamos investir maciçamente em educação integral para as crianças em risco social, ou seja, mapeá-las, assim como fez a Saúde Pública na área do PSF. Precisamos dar uma atenção especial para essas famílias, colocando as crianças em escolas integrais, na parte da manhã no Ensino Regular, e à tarde ensinando-as cidadania, formação, princípios, formas de conviver em sociedade. Aí sim, vamos conseguir os resultados que queremos, vamos evitar que novas pessoas entrem para o mundo do crime. Depois de seis anos, posso falar que estamos enxugando gelo. Na minha convicção, a melhor fórmula é investir maciçamente em educação. O Brasil tem essa missão difícil e a minha frustração como secretário foi de não ter instrumentos necessários para o combate. Meus instrumentos eram polícia e cadeia, o máximo que eu tinha era o Proerd (Programa de Prevenção às Drogas da Polícia Militar) que deveria atingir os estudantes do Ensino Fundamental até a universidade, e os Consegs. Mas temos que usar todas as escolas, os meios de comunicação, os instrumentos de assistência social para fazermos um combate. Não um combate violento, igual os Estados Unidos fazem há 40 anos e não obtêm bons resultados. Sei que tem que existir estrutura para os policiais, mas se não investirmos em educação e saúde não vamos ter resultado, essa é a fórmula que dou para resolver as questões de segurança no nosso País.
BRM - A participação das comunidades foi muito pequena nas audiências do Orçamento. O senhor acha que ações de segurança deveriam ser incluídas também como prioridade?
RB - Sim, na questão anterior eu destaquei minhas convicções sobre segurança. O Estado sabe onde tem que investir em segurança, mas para resolver nosso problema nesta área temos que mapear as famílias de risco social e investir nelas para evitar que novos criminosos entrem para o mundo do crime.
BRM - Entramos no mês decisivo para a definição das candidaturas. Como pensa que deve ficar o PMDB?
RB - O PMDB ficará em coligação com o DEM, PSDB, PTB, PPS e mais outros partidos menores do Estado. Vamos estar juntos, reeditando a tríplice ou a polialiança e, com certeza, estaremos rumando à vitória e levando adiante o governo da descentralização que mudou Santa Catarina para melhor em todos os itens.
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