quinta-feira, 4 de junho de 2009
Tem cachorro demais por aqui
Só tinha uma coisa entre as minhas atividades que me deixava contrariado: tirar atestado médico para cavalo viajar. Eu explico. O dono da empresa que eu trabalhava também tinha um haras e os seus cavalos eram bons de corrida. Quase toda semana seguia um deles para o Hipódromo do Cristal, em Porto Alegre. Não lembro o nome dos bichos, mas com certeza era algo do tipo Flying South Sky, Cacique Omar, Truculento, Silver Bonapart e outras coisas do gênero. O que eu lembro era que não gostava de tirar os tais atestados médicos para as viagens.
Sei que era uma questão de saúde pública e controle de doenças etc. Mas aquilo me deixava contrariado.
- Tanta gente tendo que pegar fila de madrugada para arrumar uma consulta no INPS (esta história é do tempo do INPS) e eu aqui, esperando um atestado médico para um cavalo viajar - pensava eu com meus botões.
A irritação aumentava quando eu visita o tal haras para levar algum documento, os pagamentos dos funcionários, ou qualquer outra coisa. Os bichinhos lá, nas suas baias, comida na boca, funcionários para lhe prestarem serviços e um veterinário 24 horas por dia à disposição. Sim eles também tinham um veterinário. O nome dele era Geovani, se não me engano. Jovem, recém-formado e muito empolgado com a profissão escolhida. Se o assunto era parto, os olhos dele brilhavam. Uma vez chegou lá no escritório numa fedentina só, comemorando o sucesso de um parto feito lá no haras.
De novo eu pensava:
- Tanta gente sem médico e esses cavalos aí com um só pra eles.
Tudo bem, são coisas da vida. Os cavalos também são filhos de Deus. Além do mais o dinheiro gasto e ganho com os animais, sim lembra o que eu disse lá em cima que eles eram bons de corrida, era do meu patrão. Ele podia fazer o que bem entendesse com ele. Não usava dinheiro público para isso.
Pois aí está o problema do grande número de cachorros em Tubarão. Qualquer pessoa pode ter o seu em casa, desde que seja responsável por eles. A partir do momento que eles passam a ficar espalhados pelas ruas, passam a ser um problema de saúde pública e a solução deve ser a mais prática possível. Nos últimos tempos, temos visto pessoas com dezenas e até centenas de caninos em suas casas pedindo por ajuda para cuidar dos bichos.
O prefeito Manoel Bertoncini prometeu durante a campanha resolver o problema. Prometeu até para a filha que iria dar um jeito. Mas o jeito senhor prefeito deve ser bem barato. Gastar o que andam dizendo que vão gastar (entre 40 e 60 mil por mês) é muito dinheiro.
Um município só pode gastar isso por mês se antes não tiver nenhuma criança fora da escola e passando fome, nenhum idoso desamparado, nenhum doente sem remédio. Sei lá, manter um canil municipal deve ser a prioridade número 1.342 na minha lista.
Tome exemplos de lugares onde a coisa funciona. Esterilize todos os animais de ruas. Exija licença para todos aqueles que têm donos e faça com que eles mantenham estes animais bem cuidados. Divida a conta com quem realmente tem responsabilidade pelos animais.
Publicado também no Jornal de Bairro
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Conheço iniciativas em parceria com empresas privadas que resolvem parcialmente o problema dos cachorros de rua. E concordo com você: antes de tirar os cachorros da rua, tirem as pessoas da rua, deem trabalho, teto e comida. Depois, quem sabe, elas façam um cachorro de rua virar um "pet".
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